25 de Abril de 2024 - Quinta-feira
 
Santa Maria de Itabira - MG
 
História da Comunidade
« Voltar
» SANTO ANTÔNIO (BARRO PRETO)
Bairro/Localidade: BARRO PRETO
Cidade: SANTA MARIA DE ITABIRA - MG
Cep: 35910000
Comunidade: Barro Preto
Padroeiro: Santo Antônio
Casas de católicos:85
Casas de evangélicos: 21
Casas de quem não tem religião:18
Total: 124


A história foi passada de pais para filhos, sem nenhum registro. Moradores mais antigos contavam que o local era mata fechada de difícil acesso, apropriado para esconderijos de escravos que fugiam das fazendas dos arredores.
Como todo quilombo, esse se formou perto da cachoeira, cujo córrego nasce na serra da Cambraia, divisa com Antônio Dias.
Com a abolição da escravatura em 1888, ganharam a posse das terras, dividindo-as entre si. Plantaram suas roças e formaram o quilombo com o nome de Córrego.
Foram muitos os escravos que fizeram parte da formação do quilombo, mas os que deixaram uma história mais completa foram: Tobias da Silva Pires, casado com Antônia Luiza da Silva; Quitéria da Silva Carneiro, casada com Gabriel da Silva, deixando filhos para continuar a história. Foram registrados pelos senhores Mariano Pires e Totó Carneiro. Por isso as assinaturas Pires e Carneiro.
Juntamente com os outros moradores, desmataram o local, aproveitando as madeiras para construírem suas casas de pau a pique, rebatidas com barro, cobertas com sapé ou folhas de coqueiro de indaiá
Na terra fértil, plantavam cana-de-açúcar, café, feijão, milho, arroz, algodão, mandioca, frutas, etc. Da cana-de-açúcar, moída na engenhoca, extraíam a garapa para fazer a rapadura, doces, melado e, até, pinga.
Da mandioca, faziam a farinha que, socada no pilão ou monjolo, sustentava as famílias. Faziam também beijus, cuscus, bolos, etc.
Do algodão, fiavam a linha em fusos ou teares, fabricando os tecidos e confeccionando suas roupas. As roupas eram tingidas com a lama negra existente à beira do córrego, juntamente com as cascas de uma madeira, chamada de “Amorici” e as folhas de anil do campo e outras.
Da mamona, fabricavam sabão, extraia-se o azeite usado na iluminação, na conservação de couros, para amolecer furúnculos, para hidratar cabelos e peles, como laxante. O azeite era também, doado à Matriz para iluminar o Santíssimo Sacramento.
Tinham suas devoções aos santos e celebravam seus cultos nas casas, com vigílias, oração do terço, hasteamento de bandeiras, ofício da Imaculada Conceição, ladainhas, encomendação às almas, etc. Curavam as doenças com benzeções, raízes, chás de plantas medicinais, azeite, cinza, simpatias, etc. Muitas dessas tradições ainda são preservadas até hoje.
Em 1985, aproximadamente, os moradores sentiram necessidade de uma capela para prestarem seus cultos. Foi então que a proprietária da fazenda Matuzalém, cujo nome ninguém se lembra, doou um hectare de suas terras para a construção da mesma, sem registro da terra. Construíram, então, uma Ermida com aproximadamente 06 m2, de pau a pique, assoalho, coberta com telhas fabricadas por eles mesmos, rebatida com barro e rebocada com estrume de boi e areia. Na porta, levantaram um cruzeiro de braúna. De vez em quando, o padre Estevam vinha a cavalo, acompanhado do sacristão, para celebrar missa e visitar os doentes.
Um devoto de Santo Antônio doou uma imagem para a Ermida. Daí, colocaram o nome na comunidade: Córrego de Santo Antônio, tendo o santo como padroeiro. Outros devotos doaram uma imagem de Nossa Senhora da Conceição e uma de São Sebastião. A imagem de santo Antônio quebrou-se sendo substituída por outra doada por ou outro devoto. A imagem de Nossa Senhora da Conceição está em bom estado de conservação, enquanto a de São Sebastião necessita de uma boa restauração.
Em 1940, o distrito de Santa Maria passou a município. Com a emancipação, o primeiro prefeito da cidade: José Inocêncio da Costa Junior (Doutor Costa), legalizando o município, oficializou a comunidade como Barro Preto, devido à lama negra existente no local.
Em 1954, morre o padre Estevam, vindo para a paróquia padre Luis Moreira Costa. Com o Concílio Vaticano II, houve uma mudança na igreja. Os padres passaram a celebrar de frente para o povo. Por isso e por falta de espaço, padre Luis demoliu a Ermida, construindo uma capela maior. Essa capela foi construída pela Comunidade. O cruzeiro foi transferido para um alto cujo nome era Cabeceira do Alho.
O senhor Joaquim Sebastião de Araújo cedeu o terreno doando a argila para a fabricação de tijolos , sendo os oleiros José Gomes Filho (Zé Guminho) e José da Silva Gomes (Juquinha), ajudantes, José Filipe da Silva e os filhos do Sr. Joaquim Sebastião. Os construtores de alvenaria e carpintaria: Paulo Luciano Viana (Paulo Viana), servente José Martins Pinto (Coleta). A comunidade formou um mutirão para carregar os tijolos da olaria até o local da construção, carregar água para a massa, peneirar areia, buscar madeiras para andaimes, etc.
A água era apanhada na biquinha, que o Sr. Coleta improvisou, numa nascente no terreno do Sr. Agenor Guerra, hoje propriedade de Caio Duarte Bretas. Até hoje, é conhecida como biquinha do Coleta.
A escola funcionava na sala da casa da senhora Virgínia Alves, hoje propriedade da Associação Comunitária. A casa era de pau a pique, velha, sem condições próprias para o desenvolvimento do trabalho escolar. As professoras eram D. Conceição Carneiro e Lenira de Morais, as quais vinham da cidade. Por falta de hospedagem na comunidade, desistiram do cargo.
Em agosto de 1965, foi contratada, ainda menor de idade, Irenita Maria das Dôres Gomes, continuando o trabalho, com as mesmas dificuldades. Concluída a capela, padre Luis cedeu a mesma para o funcionamento da escola, onde havia mais espaço. Na mesma época, chegaram a Santa Maria dois voluntários da pátria Jud e Ted, vindos dos Estado Unidos.
Visitando a comunidade e sentindo as dificuldades, pediram a Irenita que escrevesse uma carta ao presidente Kennedy, solicitando uma verba para construção de um prédio próprio. Os voluntários traduziram a carta para o inglês, endereçaram e enviaram ao presidente que liberou a verba imediatamente. No dia 12 de junho de 1967, foi inaugurado o prédio com duas salas, uma cozinha e dois banheiros e um pátio, com o nome de Escola Rural “Presidente Kennedy”.
Mais tarde, passou a se chamar Escolar Municipal “Padre Estevam Viparelli”, a pedido da senhora Elza da Costa Lage, juntamente com seu esposo Dr. Sávio Moreira Guerra, doadores do terreno.
Padre Luis, faleceu aos 18 de outubro de 1974, deixando muita saudade.
Em 32 de dezembro do mesmo ano, chegou para a paróquia Frei José Cláudio Dias. A quê se ordenou padre. Por problemas de estrada, não dava uma assistência satisfatória à comunidade. Por esta razão, as igrejas Deus é Amor e Casa da Bênção ganharam bastantes adeptos.
Em 14 de agosto de 1982, tomaram posse os padres redentoristas: Tarcísio Generoso da Fonseca, Antônio Ribeiro e Luciano Ivo, com um jeito novo de igreja - CEB’s, dando mais assistência, acordando o povo para a evangelização, cobrando o culto aos domingos, dizimo, catequese, orações na igreja, etc.
Em 05 de janeiro de 1985, tomou posse padre Ergo de Araújo tendo como auxiliar nas celebrações de cultos, batizados e casamentos Ir. Leones que vinha de Itabira celebrar o culto na comunidade.
Em 20 de dezembro de 1987, tomou posse padre Afonso Severino, cobrando muito: a catequese, dizimo e movimento jovem. Antes de colher os frutos, faleceu.
Em 07 de fevereiro de 1993, tomou posse padre Renato Menezes Cruz. Conhecendo a comunidade, foi logo preocupando-se com a documentação do terreno da Capela. Foi então que Caio Duarte Bretas, proprietário do Retiro Cruzeiro, junto com sua esposa Maria das Graças Alvarenga Pires Bretas, passaram a escritura como doadores do terreno, que por falta de documentação, foi resumido em 891m2 (oitocentos e noventa e um metros quadrados).
A preocupação do Padre Renato não foi só com a igreja física, como com a igreja viva, aprofundando mais a evangelização e espiritualidade. Fez uma promoção de bíblias para que todos adquirissem a sua.
Promoveu cursos de formação para o conhecimento e estudo da mesma. Formou ministros da eucaristia, da palavra, incentivou a catequese do batismo, da crisma, a renovação carismática católica,grupo de intercessão, grupo de jovens que não existe mais, apostolado da oração e Mãe Peregrina, trouxe o Santíssimo Sacramento para a capela, despertou no povo o gosto pela a oração do terço em família. A igreja era aberta apenas aos domingos para o culto ou missa.
Maria Prechedes da Silva (tia Precheda) já exercia o cargo de zeladora. Padre Renato, nomeou-a como ministra da eucaristia, entregando a ela a chave do sacrário para expor o Santíssimo pelo menos uma vez por semana. Tia Precheda não media esforços. Todos os dias às 18:30horas, estava firme em sua missão e convidava a todos principalmente as crianças para a oração na igreja. Morreu aos 13 de julho de 2008, deixando para a comunidade um grande exemplo de vida cristã. Suas palavras: “Um pau só não faz mata virgem, mas estou fazendo a minha parte”.
Com o exemplo da tia Precheda, a igreja, todos os dias, é aberta aos fiéis com o seguinte programação: todos os dias as leituras diárias da liturgia; Domingo, às 07:00 horas, intercessão e às 19:00 horas, culto dominical com a distribuição da eucaristia. Segunda-feira: novena de São Geraldo; Terça-feira: novena da Sagrada Face; Quarta-feira: ofício da Imaculada Conceição; Quinta-feira: Adoração ao Santíssimo; Sexta-feira: terço da Libertação; Sábado: Ofício da Imaculada Conceição.
Noventa famílias, recebem a visita da Mãe Peregrina, sendo oitenta e duas dentro da comunidade, três em Matuzalém e cinco no Taquaral, a 02 Km antes do Barro Preto, na responsabilidade das zeladoras: Maria Zita, Maria da Conceição Araújo e Lúcia Helena.
Comemorações religiosas: Corpus Christi e domingo da Páscoa, procissão com Santíssimo, por ministro da eucaristia com culto e comunhão. Quaresma; culto e via-sacra. Semana Santa, cultos e procissões, todos os dias. Cerimônia de lava-pés e Vigília Pascal. Nos dias santos, culto procissão e hasteamento de bandeira.
Em primeiro de janeiro de 1994, foram celebrados na capela os casamentos de : Ivonete Aparecida Moraes e Sebastião Júlio Filho; Guiomar Aparecida Rodrigues e José Onésimo da Silva; Letícia Januária Senhorinho e José das Graças Silva; Geni de Fátima Silva e Domingos Leandro da Silva, sob orientação e celebração do padre Renato, preparados por Maria do Rosário Lage Bretas, os casais viviam em situação irregular.
De 10 a 17 de janeiro de 1999, aconteceu em Santa Maria, uma missão de férias com os missionários da Vila Regia do bairro Bethânia de Belo Horizonte. Esta missão, abrangeu algumas comunidades rurais, com um dia de visita, dentre essas comunidades o Barro Preto. Neste dia, a comunidade decretou feriado para receber, com muito carinho, os missionários que deixaram saudades. Foi um dia muito animado, com troca de experiências, orações, reflexões e lazer, terminado com uma missa campal muito animada e participativa. A missa foi campal, porque a capela não comporta o número de fiéis presentes, surgindo então a necessidade de ampliação e reforma da mesma. No final do mesmo ano, padre Renato foi transferido, deixando a responsabilidade do serviço para a comunidade.
Em janeiro de 2000, chegou para a paróquia o padre Geraldo Ildeo Franco, dando um empurrão no desenvolvimento da construção. A comunidade, juntamente com os colaboradores Paulo Roberto Cabral (Paulo de Sudário) e outros, compraram os materiais para levantar as paredes da crescente. Letícia Bretas doou os tijolos. No final do mesmo ano, padre Geraldo foi transferido, chegando em janeiro de 2001, padre Almir Adomiran Duarte e Frei Otaviano Souza de Andrade, cobrando a continuação da obra.
No dia 23 de março de 2003, foi organizada uma comissão para estudar uma maneira de arrecadar dinheiro para continuar a obra. Ficou decidido que cada um fizesse sua doação como pudesse. Padre Almir liberou as doações da Mãe Peregrina e Apostolado da Oração para esse fim.
Em 2004, padre Almir foi transferido, tomando posse padre Eurico Teodoro que organizou a prestação de contas da comunidade para a paróquia.
Em 2005, chegou para a paróquia padre Cláudio Costa como pároco tendo Frei Otaviano como vigário auxiliar. Organizou a formação do CPC e a visita da padroeira Nossa Senhora do Rosário à comunidade, incentivou a devolução do dizimo, o qual melhorou muito, organizou também grupos de reflexão, catequese, etc.
Juntando o dizimo com: ofertas, doações, bazares, festas barraquinhas, em junho de 2006, o dinheiro arrecadado deu para fazer a cobertura de toda a capela, que ficou em R$6.200,00 (seis mil e duzentos reais). Continuando o processo de arrecadação e com a melhora do dizimo, em junho de 2007, foi construída uma capela para o Santíssimo Sacramento, rebocaram a capela toda por dentro e uma boa parte, por fora.
No final do ano de 2007, padre Claudio foi transferido, ficando padre Otaviano como pároco e padre Cleverson como vigário. Continuaram o trabalho, sem muitas mudanças, pois ambos foram transferidos em 2008.
Em junho de 2008, para festa do padroeiro, a capela recebeu o forro de PVC e a iluminação elétrica no valor de R4 6.304,00 (seis mil trezentos e quatro reais). O telhado, o forro e a parte elétrica foram concluídos pela empresa “Ferros Arte”, incluindo material e Mão de obra.
Em janeiro de 2009, chega, forte na paróquia padre Hideraldo Veríssimo Vieira, com um jeito diferente de trabalhar. Mudou o jeito de celebrar batizados, casamentos, fortalecendo os grupos de reflexões, cobrando mais a presença dos membros do CPC nas reuniões bimestrais, cobrando o histórico da comunidade, formando grupos de pastorais, organizando patrocinadores da comunidade para a programação na rádio Oriente, fundou o jornal Elo Missionário para melhor informações e muito mais.
Em março de 2009, foram concluídos o piso, as portas e janelas de sucupira. As portas e janelas no valor de R$1.233,00 (hum mil duzentos e trinta e três reais) só a mercadoria. As pedras do piso foram doadas por uma rede de lojas “CENT’s, pertencentes à família do Sr. Robésio de Alvarenga Duarte por intermédio do Sr. Sudário Cabral.
Deus abençoe a todos que o ajudaram.
Estamos em agosto de 2009. Hoje Barro Preto é reconhecido, oficialmente, como comunidade de Quilombolas, resgatando sua história com : 136 casas, sendo 133 de alvenaria, duas casas e uma fazenda no alto da Serra Cambraia, de pau a pique, em péssimo estado de conservação, 135 famílias, 615 habitantes, sendo Regina Júlia da Silva a mais velha com 86 anos.
2013 - Melhorias físicas, tecnológicas, saneamento básico, educação, cultura e lazer: iluminação elétrica, rede de esgoto, rua calçada, dois poços artesianos, água encanada, comércios, transporte escolar, lotação, varias vezes ao dia, escola boa com atendimento da educação infantil ao quinto ano, com museu do negro e telecentro, telefones públicos, fixos e celulares, atendimento pelo PSF (programa de Saúde Familiar), quadra de esportes e lazer, Lan House, telecentro comunitário, artesanato, carros próprios. Danças: um grupo de batuque Mãe África e outros.
Barro Preto, “Nossa Terra, Nosso Orgulho”.

 
Mapa do site
Início Paróquia Participe Acontece Paroquiano Contato  
NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO / Diocese: Itabira - Coronel Fabriciano
Praça Sagrados Corações, nº 3 - 35910-000 - Centro - Santa Maria de Itabira/MG - Fone: (31) 3838-1199
  © Copyright 2004-2024 iParoquia.com
Todos os direitos reservados