29 de Março de 2024 - Sexta-feira
 
Santa Maria de Itabira - MG
 
História da Comunidade
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» SÃO SEBASTIÃO (MORRO ESCURO)
Bairro/Localidade: MORRO ESCURO
Cidade: SANTA MARIA DE ITABIRA - MG
Cep: 35910000
Comunidade: Morro Escuro
Padroeiro: São Sebastião
Casas de católicos: 26
Casas de evangélicos: 0
Casas de quem não tem religião: -
Total: 26

ATOS DA CAMINHADA DA COMUNIDADE CATÓLICA DO MORRO ESCURO
Origem
Muitas pessoas já tentaram escrever a História dos acontecimentos que se passaram entre nós. Elas começaram do que nos foi transmitido por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da Palavra. (Lucas l, l-2)

Como a comunidade de Lucas, a comunidade de Morro Escuro tenta escrever um pouco daquilo que se passou entre aqueles que aqui viveram.
Morro Escuro é uma comunidade que está situada a seis quilômetros da cidade de Santa Maria de Itabira. Tem esse nome por existir, nessa localidade, uma serra muito alta e muito escura. Isto era devido à existência de florestas muito fechadas.
Hoje, não é mais assim, pois, por negligência das pessoas, foram acontecendo os desmatamentos para a produção de carvão e para a formação de pastagens de gado, com a plantação da braquiara.
Nessa serra, hoje, encontra-se a torre de televisão e a de telefonia celular. Mas, ainda hoje, quando a serra fica toda branca, moradores da cidade podem prever que a chuva está chegando.
Muitas pessoas passaram por lá, ai, construíram sua família, sua vida. Algumas se foram, outras se mudaram, mas existem descendentes das primeiras gerações que, ainda, lá residem.
Religião
Em 1932, foi construída a capela de São Sebastião do Morro Escuro. Naquela época, a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Santa Maria de Itabira, na qual está inserida a comunidade do Morro Escuro, pertencia à Diocese da Mariana. A capela era simples, feita de madeira, tendo, como móvel, apenas, uma tosca mesa, que servia de altar.
Foi nessa capela que José Cândido Silva, hoje, o Padre José Cândido, conhecido e respeitado em todo o Estado de Minas Gerais, cantou seus primeiros louvores à Virgem Maria. Na comunidade do Morro Escuro, também, foi despertada a vocação para a vida religiosa de Irmã Mariana. Em seu depoimento, Eunice Alves de Abreu, catequista, conta que nessa capela ela começou a sentir amor pelas coisas de Deus. Eunice, que foi presidente do Grupo da Amizade do Morro Escuro, informou alguns dados importantes para a narração desta História.
Na construção da primeira capela, foram citados os nomes de: Manuel Francisco Novais, João Gonçalves e seu irmão Calixto. João é avô de Luís Mariano que doou o terreno para a construção da capela. Luís Mariano comprou o terreno de seu tio Calixto, onde havia uma Casa Grande. Ele morava em um sobrado, em frente à Casa Grande, que foi demolida. Dela foram aproveitados, na construção da capela, os esteios e as telhas.
A vida, na comunidade, não era muito fácil. Não havia escola. Na época de enchentes nos rios, para se ir à cidade, tinha-se que passar pela ponte do Chaves ou pela ponte da Florença. Com isso, aumentava o tempo do percurso, por mais uma hora. Foi construída uma pequena canoa, que teve vida curta. O fazendeiro Nico Lisboa doou outra canoa.
No tempo do padre José Martins, o povo já era animado e muito religioso, antes mesmo de se levantar a capela. Enfrentava chuvas e até enchentes, para participar das novenas. No mês de maio, havia coroação da imagem de Nossa Senhora da Conceição. Em preparação à festa do Padroeiro, São Sebastião, era rezada o novena. No último dia da novena, acontecia o levantamento da bandeira, com o padroeiro. No dia seguinte, era celebrada a Santa Missa. O padre José Martins faleceu em 1920.
Padre Estevão, de origem italiana, conservou e respeitou o costume do povo. O povo não entendia bem o Português falado pelo Padre. A Santa Missa era celebrada em Latim, com isso, as pessoas não participavam bem da celebração. Na quaresma, rezava¬-se a via-sacra. Na Sexta-feira da Paixão, a via-sacra se estendia até o cruzeiro de madeira, em frente à capela. No Sábado da Aleluia, queimava-se o Judas e era lido seu testamento, envolvendo o nome das pessoas da comunidade. As rezas eram dirigidas pelos senhores Juquinha e José Martins. O coral acompanhava as rezas. Faziam parte do coral: Leny, Inês, Judite, Isaura, Mariquinhas e Ana Josefina. Mais tarde, foram incorporadas ao coral: Isabel, Grécia, Marieta e outras pessoas.
Após a Santa Missa, o Padre Estêvão almoçava em casa de Luís Mariano. Em seguida, havia o terço, cantado. Policarpo, o sacristão, ia à frente, levando a cruz. No dia 24 de dezembro, havia a vigília. E como o povo cantava! ...E como o povo rezava! ...À meia noite, Maria Teodora, filha de escravos, amparada por seu porretinho, entoava uma música e o povo, em fila, ia beijar o Menino Jesus. Depois, Sá Débora levava uma peneira com bolos e Tia Altina levava uma chaleira de café, para a confraternização.
Várias crianças, lá fizeram sua Primeira Comunhão. A catequista era Ana Josefina, que ensinava a doutrina e levava as crianças a decorar os preceitos da Igreja e as orações. Foram batizadas várias crianças, entre elas, Sudário, filho de João Vitório e Maria Adrealino Andrade. Os padres, que por lá passaram e celebraram a Eucaristia, deixaram uma boa lembrança: Padre Estêvão Maria Viparelli, Padre Luís Moreira Costa, Padre José Cândido da Silva (filho da comunidade), Padre Ribeiro, Padre Fonseca, Padre Ivo, Padre Ergo Araújo, Padre José Cláudio, Padre Afonso, Padre Eurico, Padre Geraldo Ildeu, Padre Almir, Frei Otaviano, Padre Cláudio, Padre Cléverson e, atualmente, o Padre Hideraldo Veríssimo Vieira. Sendo que, antes destes, estiveram com a comunidade o Padre Abelardo e o Padre José Martins. Quando a paróquia esteve, por algum tempo, sem um padre residente, por causa da doença de Padre Luís, alguns outros padres serviram à paróquia e, consequentemente, à comunidade do Morro Escuro. Destacamos Padre Joaquim, de Itabira, Padre José Lopes e Padre José Cândido. Alguns seminaristas, que hoje são padres, também, prestaram assistência à comunidade. No momento conta-se com o trabalho de Vanderlei.
O tempo se encarregou de mudanças, dando continuidade aos trabalhos iniciados pelos antepassados. A capela, construída por eles, foi corroída pelo tempo. Depois de muitas sugestões, um dia, chegou-se ao consenso de que era preciso construir outra. Lá se foi, ao chão, a capela tão querida dos moradores, transformada em um amontoado de madeiras. Assim, surgiam os comentários: desmanchar foi fácil, queremos ver quem vai construir outra. A tristeza tomou conta de alguns moradores. Muitas saudades ficaram no coração de quem nasceu, cresceu e viveu a sua juventude na comunidade, frequentando, sempre, a capela.
No dia 7 de janeiro de 1992, Ailton da Silva e sua esposa, Eva Leite, doaram uma área de 300m quadrados, com a área total de 48 X 45 metros, à Paróquia Nossa Senhora do Rosário, CGC 2093351/ 0025-82, com sede em Santa Maria de Itabira, na Praça Sagrados Corações, número 3, representada pelo Padre Afonso dos Santos Severino, para a construção da Capela de São Sebastião, padroeiro do Morro Escuro. Os doadores exigiram que a nova capela mantivesse as mesmas características da antiga.
No dia 13 de junho de 1993, iniciou-se a construção da nova capela, pelas pessoas da comunidade, sob a chefia de Geraldo Viana, filho da comunidade e pedreiro conceituado na cidade. No livro de atas, consta os nomes das pessoas que trabalharam no levantamento da capela. Consta, também, os nomes dos contribuintes com doações, bem como o valor de cada doação.
No dia 15 de dezembro de 1993, houve, na construção, a primeira reunião da comunidade. No dia 12 de maio de 1994, foi, aí, celebrada a primeira Santa Missa, por Padre Eloísio, que, anteriormente, como seminarista, havia trabalhado na paróquia.No dia 27 de outubro de 1994, o Padre Renato distribuiu a Primeira Eucaristia a 5 crianças, que foram preparadas para o Sacramento, por Eunice. No dia 22 de outubro de 1994, membros da Renovação Carismática visitaram a comunidade. No dia 3 de dezembro de 1994, foi celebrado o primeiro casamento, na nova capela. Sendo os noivos: Sebastião Alves e Maria Aparecida Rodrigues. A cerimônia foi realizada pelo, então, seminarista Carlito. O primeiro batizado, realizado na capela foi de Tiago de Assis Pires, a 1° de dezembro de 2 005. No dia 12 de dezembro de 1996, a capela recebeu a doação de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.
A intenção da comunidade era retratar a capela demolida, na nova capela, com todas as características da antiga. A celebração da festa do Padroeiro teria o mesmo entusiasmo de antes, com o mastro e o Santo no alto, abençoando todos os que contribuíssem para o surgimento da nova capela.
Na construção, destacaram-se algumas pessoas: João Francisco e Filhos, Joaquim Cirilo, Pedro Mariano e outros voluntários. À frente do serviço, estava Luís Mariano da Silva, sempre um grande líder. Foi, também, o tesoureiro e o zelador da capela. Altina Maria de Jesus foi quem cozinhou para os trabalhadores. A devoção ao Santo Padroeiro vem dos antepassados. Sua imagem foi doada pelo Padre José Martins.
Educação
Quanto à Educação, também temos a nossa História. Com o passar do tempo, chegou à comunidade o professor Mestre Cunha, que lecionava somente para homens, respeitando o costume da época. As aulas aconteciam no sobrado que, antes, pertenceu à família do Calixto. Mais tarde, chegou a professora Amália Machado Magalhães, que passou a morar no sobrado. Era considerada ótima professora, muito enérgica com seus alunos.
Ex-aluna de dona Amália, Ana Josefina de Novaes foi a segunda professora. Ana Josefina havia cursado somente a terceira série primária. Tudo o que aprendera passou para seus alunos, em uma pequena sala, não mais no sobrado. Em uma classe multisseriada: com 1a 2a e 3a séries, parecia mesmo um milagre, como as crianças aprendiam a ler! Dona Josefina era muito dinâmica e foi se aperfeiçoando sempre, tomando-se uma ótima professora.
Com o passar do tempo, foi adquirido um terreno para construção de um local mais apropriado para uma escola. Por volta de 1954, no governo municipal de Doutor Sávio Moreira Guerra, foi construído um ótimo prédio escolar, com uma casa para a professora. Houve a estadualização e a escola recebeu o nome de Escola Estadual do Morro Escuro. Nela, dona Josefina lecionou até aposentar-se. No MOBRAL, aula para adultos, a professora foi Eunice Alves de Abreu.
Por algum tempo, já com turma de quarta série, era professora Maria do Socorro Silva. Embora houvesse turma de quarta série, as outras turmas continuavam multisseriadas, 1ª, 2ª e 3ª séries na mesma sala. Outras professoras foram surgindo: Iris Martins da Costa, Maria Magalhães Dias, Maria Rosália Viana da Silva, Maria Elizabeth Procópio Barbosa, Maria Duartina Guerra dos Santos, Altina Magalhães da Cruz. Outras professoras trabalharam na Escola, em substituição de algumas que se afastavam por licença médica, como: Eva Maria Leite, e Zelma.
Maria Rosália , responsável pela escrita e coordenação geral, além de professora, trabalhou na escola até se aposentar. Depois de alguns anos, foi concedida à escola o direito de uma profissional de serviços gerais, sendo Neide Alves Viana, a primeira delas, que foi classificada através de concurso. Logo em seguida, trabalharam: Eunice de Abreu e Florita de Souza. Jesus Eduviges Moraes e Antônio Alves Meireles cuidavam da horta escolar.
Depois da aposentadoria de Maria Rosália, em 1993, trabalharam como professoras: Maria do Socorro Pinto, Inês Alves Viana, Cleidmar e Ancele. Algumas famílias se mudaram do Morro Escuro e o número de crianças na escola foi diminuindo. Com a municipalização, e a consequente nucleação, a escola foi fechada e as crianças passaram a frequentar na escolas da cidade. Isto aconteceu a 18 de agosto de 2 003. As pessoas esclarecidas julgam que esse acontecimento trouxe grandes desvantagens para todos. Muitas professoras foram alunas da Escola do Morro Escuro.
Economia
A vida era bem comunitária. Na Casa Grande, havia um moinho, onde todos podiam moer o milho que colhiam.
A comunidade vivia da agricultura. O trabalho era feito por meio de troca de dias. Trocavam-se os serviços na época de plantação de milho e feijão. As pessoas sempre trabalharam unidas. O artesanato era bem rico. As mulheres ajudavam no trabalho agrícola, costuravam, teciam crochê, fiavam algodão. Teciam panos no tear da fazenda de João Gonçalves, o Varador. Dona Nicota foi quem ensinou às mulheres a arte de tecer. Sia Querina, Ana Dolores e outras eram parteiras.
O primeiro fazendeiro a fabricar cachaça foi Antônio Andrade. Em sua fazenda havia monjolo para triturar cereais.

Lazer
Aos domingos, pessoas se reuniam para se divertir. Na praça da capela ou em casa da amigos, tocavam sanfona, violão, caixa, pandeiros e outros instrumentos. Dois cegos eram os tocadores de sanfona. As crianças brincavam, os jovens jogavam bola e os adultos papeavam. Nas noites de lua, havia serenata, debaixo das janelas das namoradas. Todos pareciam felizes.

Conclusão
Hoje, Morro Escuro conta com, apenas, vinte e seis famílias, num total, aproximado, de oitenta moradores. Esses números são muito pequenos em relação a há anos atrás.
Este relato foi efetuado a partir de informações de um livro que contém anotações em um texto de memórias, escrito por Eunice. Nesse mesmo livro, há prestações de contas, registro de eventos, etc. Além disso Eunice elaborou outro texto, à parte, que está inserido no trabalho.
Também, as memórias de Maria Rosália Viana da Silva contribuíram para o enriquecimento desse trabalho. Nós podemos perder o nosso cartão postal: o Morro Escuro!

 
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