23 de Abril de 2024 - Terça-feira
 
Santa Maria de Itabira - MG
 
História da Comunidade
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» NOSSA SENHORA APARECIDA (LAMBARI)
Bairro/Localidade: LAMBARI
Cidade: SANTA MARIA DE ITABIRA - MG
Cep: 35910000
Comunidade: Lambari
Padroeira: Nossa Senhora Aparecida
Casas de católicos: 196
Casas de evangélicos: 23
Casas de quem não tem religião: -
Total: 219
Um povo sem memória é um povo sem história. Por isso, é sempre bom e importante lembrarmos de tudo que aconteceu ao longo de nossas vidas. Hoje, em especial, lembraremos a história da comunidade do Lambari. Para contar essa bela história, foi preciso dividi-la em duas partes. Na primeira parte, lembramos o surgimento do Bairro Lambari e, na segunda, a formação da comunidade Nossa Senhora Aparecida. Convidamos você a percorrer conosco os passos que nos conduziram até hoje. Venha passear conosco por essas estradas da vida. Temos certeza de que muitos se lembrarão do que aqui for narrado.
Nossa história começa lá nos idos anos 30. Vocês se lembram? Rua Lambari – Baixada Lambari? E se era baixada, há alto, não é verdade? Quem nos conta essa história é o senhor Julinho Cruz.
“Subindo por um caminho, na fazenda do senhor José Carlos Ataíde, sogro de nosso saudoso seresteiro Chico da Zelina, havia uma fazenda que, hoje, pertence ao senhor Gilvan. O referido caminho dava acesso ao Barro Preto. Acima da cachoeira, estava a fazenda do senhor Carlito Pires, que, hoje, pertence aos filhos de José Mário. Existe lá um manancial onde nasce a água que forma o córrego que contorna, hoje, o setor de Obras da Prefeitura. Eu ajudei meu pai a plantar roça nessas propriedades e, muitas vezes,ele chamava esse lugar de Fazenda do Lambari.
A origem do nome é muito fácil de descobrir. Exatamente, neste local, havia muitos, muitos peixes Lambaris. Eu mesmo pesquei lá muitas vezes, lambari e chatinha. Acredito que, ainda hoje, exista algum peixe lambari, quem sabe?
Baixada do Lambari das brincadeiras: manja; bola de gude; birosca; malha; contação de histórias à beira do fogo; ranca unha com bola de meia, bem no meio da rua, afinal, não passava carro mesmo. Frequentemente, precisava dar vez às tropas carregadas de toucinho e outros mantimentos e também para a boiada que enchia a rua, desde o centro até as Mamonas, vinda da mata de Guanhães. Vez ou outra, passava o carro do seu Tatão Bretas ou a baratinha do Padre Estevam. A comunidade vivia um leve reflexo dos primeiros cristãos: a partilha. Se um vizinho precisava de frango ou de uma galinha, era só pegar. Quando acontecia de a vizinha ficar de cama, ganhar neném, os vizinhos chegavam oferecendo os préstimos, sem nada em troca. Os roceiros trabalhavam em mutirão. Em dezembro, diversos presépios eram montados na Baixada e havia reza em todos eles. O mais tradicional era o de Sá Madalena, parteira, esposa do senhor Antônio Mestre (músico).
No terreno de São Vicente, onde está o Recanto Salvador Pires, bem no ponto onde hoje é o refeitório, havia um cruzeiro que era cultuado no dia 3 de maio, que era dia santo de guarda. Naqueles tempos, assistíamos à missa, quase toda, ajoelhados. Às 10 horas do dia, o Padre Estevam, celebrando de costas, e o povo de joelhos naqueles caroços de terra, naquele sol escaldante de maio! Comparando com hoje, parece que a fé era mais viva? O Cruzeiro era o nosso apoio para pedir chuva. As crianças e os adultos levavam garrafas d’água e pedrinhas, rogando a Deus que mandasse chuva e eram atendidos. A missa era como uma festinha. Atraía até vendedores de quitanda.
E as festas juninas? Com fogueira, reza, levantamento de mastro e, no final, bolo de fubá grosso - apelidado de ranhão, café adoçado com garapa de cana moída na engenhoca. Tudo com muita fé!
E o carnaval de Martinho Jacob? Onde era? No local onde hoje é a casa de Alair e Ailton. 30 dias antes, fazíamos o grito de carnaval que acontecia da seguinte maneira: José Pacheco saía à frente batendo a caixa e nós íamos atrás cantando Viva o Zé Pereira. Um tempo depois, por meio de jornais e rádio, fiquei sabendo que o inventor do carnaval era um português, José Nogueira. O nosso carnaval não era como o de hoje. Havia desfiles pelas ruas da Vila, com alas e fantasias variadas. O povo cantava marchinhas ensaiadas, dias antes. No fim do desfile, havia aquele baile! Religiosamente, na terça-feira, à meia-noite, o carnaval era encerrado. No carnaval, havia uma discriminação mútua. Os burgueses não se misturavam e nem os afrodescendentes aceitavam.
Mercearia que, naquela época, se chamava venda, somente duas: do senhor Martinho Jacob e do senhor Dorval Panta.
Do Córrego Lambari até a Porteira do Tôta chamava-se Lambari de Baixo. Da porteira até onde mora o Cota, dizia-se Pito Aceso e, à frente, Chico Alves.
Não poderia esquecer a passagem do senhor bispo na Baixada do Lambari, vindo de Mariana. A rua era capinada, varrida e arborizada com pés de banana, folhas de coqueiros, diversos arcos de bambu, bandeirinhas e etc. Sua recepção parecia com um Domingo de Ramos, como se fosse a entrada de Cristo em Jerusalém.
A Baixada do Lambari sempre foi pouco habitada. Os moradores eram: no lado de baixo: José Guilherme, Joaquim Jacob, Martinho Jacob, Nelson Couto, Dequinha, José Carlos Ataíde, Cadete, Raimundo Claudino, Carlos Ludovico, Sô Bastiãozinho, José Feliciano, Otaviano Querino, Júlio Mateus, Isaías Pires, Joaquim Olerindo, Antônio Inês, Joaquim Sabino, José Amaro, Antônio Mestre, Dorval Panta, Vitalina e José Rafael. No lado de cima: Tereza Caldas, Oliveira Pires, Antônio Batista, José Siqueira, Antônio Damásio, João Damásio, Rosa e Maria Geralda.
Nos anos 70, com a abertura das ruas Caetano Lino, Padre Luiz, Dorval Panta e Maria Augusta, a comunidade cresceu.”Relato cedido pelo Senhor Júlio Cruz.
Continuando nossa caminhada pelas estradas da vida, chegamos ao ano de 2000. O desejo de fundar uma comunidade estava latente em todos os moradores do bairro. No entanto, faltava um apoio, um incentivo clerical, para transformar esse sonho em realidade. E foi o Padre Geraldo Ildeo, com sua sabedoria e eficiência, quem defendeu essa bandeira conosco, lançando a primeira pedra para a construção da nossa comunidade. Seguindo os passos das primeiras comunidades cristãs, relatadas nos Atos dos Apóstolos, começamos a nos reunir para celebrarmos o mistério do Cristo Ressuscitado.
Geraldo Ildeo se foi, e chegou o Padre Almir. Jovem, sempre preocupado com a formação e a autonomia dos paroquianos, tratou da construção da nossa comunidade como sua menina dos olhos. Com ele, nossa comunidade deu grandes e importantes passos para sua solidificação. Participávamos de cursos para formação de leigos, íamos todos os anos para o Curso de Inverno. Tudo isso nos preparou melhor para a organização e atuação na comunidade.
Primeiramente, Almir determinou que haveria celebrações todos os sábados e que ele viria uma ou duas vezes por mês. Nossos encontros seriam na rua, ao ar livre, em frente às casas dos moradores. Para que as celebrações ficassem mais animadas, pegamos emprestada uma caixa de som. Depois de um tempo, percebemos a necessidade de comprarmos o nosso próprio som. A partir daí, foram promovidos vários eventos: bingo, leilão, rifas, barraquinhas. Recebemos também muitas doações. Com as arrecadações, compramos uma caixa de som e dois microfones. Todas as arrecadações eram levadas, mensalmente, para a Paróquia, com as devidas prestações de conta.
Com o passar do tempo, a comunidade foi crescendo e surgiu a necessidade de comprarmos um lote. A negociação foi a seguinte: o terreno foi dividido em metros quadrados e cada família pagou R$40,00 por metro quadrado.
Por causa das condições do tempo, ficou decidido que as celebrações seriam feitas em um só lugar: na garagem da casa de Ana e Beca, até que pudéssemos nos reunir no terreno comprado.
Chegamos, assim, ao início de 2002. A comunidade precisava de um padroeiro. E, por votação, Nossa Senhora Aparecida, foi escolhida como nossa protetora. Nesse mesmo ano, construímos um galpão no lote. Tudo feito com doações: de madeira, telhas, cimento, cascalho, e com ajuda de várias pessoas. A inauguração do galpão aconteceu em 6 de julho de 2002, com Missa e Bênção da Pedra Fundamental. No dia 10 de agosto de 2002, romeiros de Aparecida do Norte, nos doaram a imagem de nossa padroeira.
Em 2004, Padre Almir se foi. Parecia que nosso sonho estava acabado. Novo padre, autoritarismo, nenhum apoio; conflitos entre o pároco e a coordenação. Até a ameaça de fechar a comunidade! Mas tínhamos conosco uma advogada que sempre nos defendeu nos momentos mais difíceis. Seis meses se passaram e, por questões pessoais, o pároco foi transferido. Em seu lugar, Padre Cláudio Costa.
Quando ele aqui chegou, acendeu a comunidade para o trabalho em prol da construção de nossa capela. Continuou valorizando o trabalho dos leigos e, com seu incentivo, conseguimos adiantar, muito, a construção da igreja. Já tínhamos o projeto arquitetônico (projeto, cálculo estrutural e responsabilidade técnica, tudo foi doação). Faltava aprová-lo na Prefeitura. E isso foi feito em 22 de junho de 2005. Já no dia 26 de junho, foi celebrada missa com Bênção da Pedra Fundamental (Isso mesmo! Na construção de nossa igreja, foram lançadas duas pedras fundamentais!). Em uma caixa de pedra foram colocados o Elo Litúrgico, a ata da celebração, algumas moedas e cédulas da coleta. A caixa foi enterrada no local da construção. Mais tarde, foi retirada e depositada em um lugar específico.
Começamos a construção em regime de mutirão. Pouco depois, contratamos um pedreiro, o violeiro Noé, que trabalhava e só recebia quando havia dinheiro.
Em nenhum momento, podemos esquecer as doações generosas que recebemos (e ainda continuamos a receber). Seria injusto citar nomes. Afinal, foram inúmeras! Ainda na época do Padre Almir, foi aberta uma conta no banco em nome da comunidade, para o depósito de todas as arrecadações.
Durante todo esse tempo, contamos com a disponibilidade e paciência dos responsáveis pelo Recanto Salvador Pires, que disponibilizaram sua Capela do Santíssimo para a comunidade. Seja de noite ou de dia! Até que, no dia 30 de dezembro de 2006, inauguramos nossa Capela do Santíssimo. Toda nossa comunidade esteve em festa por essa conquista. A partir daquele momento, passamos a chamar nossa capela de casa santa. Onde Deus fez a morada! Onde mora o Cálice Bento e a Hóstia Consagrada!
Nessa caminhada também nos acompanharam os Padres Otaviano e Cleverson, que sofreram e se alegraram conosco. Agradecemos ainda ao senhor Júlio da Cruz, que doou todo o seu tempo à construção da igreja.
Atualmente, quem nos acompanha é o Padre Hideraldo. Estamos nos conhecendo – o padre e a comunidade. Temos esperança de que um ótimo trabalho será feito.
Hoje, a nossa igreja está quase pronta, apesar dos pesares, dos conflitos, da resistência à formação da comunidade. Somos 176 famílias reunidas como uma só família, partilhando e crescendo na fé e na união, tentando construir o Reino de Deus aqui na terra.
Amém! Axé! Auerê!

 
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